A Enrabada

Em uma favela violenta e ultra-mega-punk-barra-pesada, Janjão o matador oficial da comunidade, está limpando as unhas com um facão e tomando uma Caracu. Afinal ele é macho de verdade, daquele tipo que não come mel, mas mastiga abelhas.
Chegam dois bandidos trazendo um cara amarrado:
- Janjão, o chefe mandou você dar uma enrabada nesse cara porque ele andou se engraçando com a sobrinha da Tia Filó.
- Deixe ele aí no canto que tô ocupado. Daqui a poco eu cuido dele.

Assim que os bandidos saíram do barraco o homem começou a implorar por clemência alegando que a enrabada acabaria com a auto-estima dele e que isso afetaria profundamente o seu caráter. Janjão respondeu:
- Missão dada é missão cumprida.
- Eu prefiro a morte, enrabada jamais! - responde o homem.
- Se o chefe mandasse matar, eu matava, mas ele mandou enrabar, contente-se e cale a boca!

Alguns minutos depois os dois bandidos voltam com mais um cara amarrado. Janjão continua limpando suas unhas e bebendo Caracu:
- Janjão, esse é para cortar a língua e as orelhas porque entregou o Chefe pra a PM. Ainda bem que os "puliça" são nosso amigo.
- Deixa aí no canto que daqui a pouco eu cuido dele.

Passados mais alguns minutos os bandidos trazem mais um cara amarrado. Janjão já terminou de limpar as unhas e abre sua última garrafa de Caracu.
- Janjão, esse é pra picotar e embalar porque a família vai receber os pedaços desse safado que tentou tomar o posto do chefe.
- Deixa aí no canto que daqui a pouco eu cuido dele.

Passados mais alguns minutos os bandidos trazem mais um cara amarrado. Janjão já está a poucos goles de terminar a cerveja.
- Janjão, esse é pra queimar. Andou comendo a Shyrlayne, namorada do chefe. Ela já foi queimada e o chefe te mandou esse de presente.
- Deixa aí no canto que daqui a pouco eu cuido dele.

Quando os bandidos saem o homem que antes implorava por clemência chama Janjão e diz:
- Dr. Janjão, eu só queria lembrar que eu sou o cara da enrabadinha.